27 de junho de 2013

Observatório de Imprensa, piada pronta

Alberto Dines, fazendo cara de coerência
O texto comentado a seguir não é novo, mas a forma como ele aborda a "notícia" que pretende contar é tão típica da imprensa brasileira, que merece ser mencionada.

Entre todos os veículos da imprensa camarada, um dos mais engraçados é o Observatório de Imprensa. Engraçado exatamente porque se pretende sério. Não acho que ninguém em sã consciência realmente pensa que Paulo Henrique Amorim ou Luis Nassif acreditam no que eles escrevem e publicam, ou levem a si mesmos a sério. Mas o Observatório de Imprensa, cheio de pompa e circunstância, ostenta o epíteto de "Site de crítica da mídia dirigido pelo jornalista Alberto Dines, editado por Luiz Egypto" e cita o The New YorkTimes e o The Washington Post, para dar mais "glamour" a uma notícia que não seria publicada por alguém que tivesse mais de 2 neurônios em funcionamento. Segundo o Observatório de Imprensa  Estados Unidos e de Israel estariam se aproveitando de falhas de segurança no sistema operacional utilizado pelos computadores iranianos (a saber, o Windows 7) para infectá-los com vírus. 

2 perguntinhas:

01a) Por que o Irã está usando um sistema operacional domestico em uma usina de refinamento de urânio? Pelo que eu sei, setores que precisam de segurança extrema, como usinas nucleares por exemplo, não fazem uso de sistemas domésticos, como o Windows, para os quais existem milhões de vírus diferentes, mas sim sistema operacionais como o Solaris, que são criados a partir do imperativo da segurança.

01b) Aliás por que o Irã está usando um sistema operacional americano? Se eles são contra os EUA, deveriam desenvolver seu próprio sistema operacional. No frigir dos ovos, o OI está acusando os EUA de não fornecerem ferramentas confiáveis para que o Irã crie armas contra os EUA.

02a) Para que, cargas d'água, os computadores das usinas de refinamento de urânio do Irã estão ligados à Internet??? Pelo que eu sei, uma das medidas básicas de segurança em usinas atômicas (além de não usar sistemas operacionais "domésticos") é não ligar os computadores à Internet, como qualquer retardado sabe, um mar de vírus, cavalos de troia e outras ameaças a sistemas informatizados. Esses computadores permanecem sempre isolados, ou são conectados a redes específicas, que são independentes da Internet e são utilizadas apenas para fins governamentais e de segurança.

02b) Aliás, a Internet é uma rede criada pelos EUA. Por que o Irã está ligando suas usinas de refinamento de urânio à uma rede criada pelos EUA, dominada pelo Inglês, quando seus cidadãos não podem fazer uso da Internet, mas usam uma rede de computadores própria do Irã????

Sou eu que pego no pé da imprensa camarada????? Segue o texto original:

8 de abril de 2013

Escreve como pensa: Análise 003 - Fidel Castro

Essa é a terceira edição da série "Escreve como pensa". (Se você não sabe do que se trata, confira o texto de apresentação na primeira edição). Após ter "contemplado" o "pensamento" (o arremedo de pensamento) de dois dos maiores "anjos do inferno" (Wladimir Safatle e Emir Sader), hoje nosso convidado é, ninguém menos, do que o próprio capeta: Fidel Castro. Como trata-se de um texto muito curto, indico que leiam o original antes de lerem meus apontamentos. Fidel dispensa apresentações, então passemos para a diversão, sem mais delongas.

Fidel "Gagá" Castro
O dever de evitar
uma guerra na Coreia
[Artigo de autoria de
Fideo Castro, originalmente
publicado em 05.04.13,
no site do único-jornal-cubano,
o Gramna]

FAZ alguns dias me referi aos grandes desafios que hoje a humanidade enfrenta. A vida inteligente surgiu no nosso planeta há cerca de 200 mil anos, salvo novas descobertas que demonstrem outra coisa. [Em um texto, o objetivo do encadeamento de afirmações é criar sentido. Pode parecer que estou afirmando o óbvio, mas – pelo visto – Fidel Castro não sabe disso, nem nenhum dos seus assessores. Qual a relação que se extrai das duas sentenças iniciais do texto? Qual relação existe entre os "desafios que hoje a humanidade enfrenta" com o fato da "vida inteligente" ter surgido "no nosso planeta há cerca de 200 mil anos"? Em que mudariam os fatos atuais se a "vida inteligente  tivesse surgido há 150 mil ou 250 mil anos??? Ou se sua idade fosse qualquer outra??? O parágrafo termina, mas o pensamento não se conclui. Na verdade, sequer chega a se estruturar como tal. O que se evidencia é exatamente a lacuna dele. Fica parecendo que foi suprimido um terceiro período que estabeleceria a relação dos dois anteriores, mas é exatamente assim que o parágrafo foi escrito (confiram no original). Ademais, a relação entre os "desafios da humanidade contemporânea" e as colocações sobre paleontologia que Fidel Castro tece, muito se assemelham ao discurso de Luis Ignácio, no qual ele atribui as circunstâncias climáticas à esfericidade do globo].

Não confundamos a existência de vida inteligente com a existência da vida, que, desde suas formas elementares no nosso sistema solar, surgiu há milhões de anos. [Que tipo de advertência é essa??? Quem haveria de confundir??? Essa frase é um parágrafo??? Qual a relação com o que foi dito antes??]

Existe um número praticamente infinito de vida. No trabalho sofisticado dos mais eminentes cientistas do mundo se concebeu a ideia de reproduzir os sons que se seguiram ao Big Bang, a grande explosão que ocorreu há mais de 13.700 milhões de anos. [Qual é a relação do fato do "número de formas de vida" ser praticamente infinito com esse tal trabalho cujo objetivo era recriar os sons primordiais do universo???? O que é que os sons primordiais do universo tem a ver com a guerra da Coreia????] [Que trabalho foi esse que reuniu os "mais eminentes cientistas do mundo" para "reproduzir os sons que seguiram ao Big Bang"???? Por que a imprensa do mundo livre não ficou sabendo??? Essa ciência do bloco comunista realmente está com a corda toda, minha gente!!!!]

Seria esta introdução demasiado extensa não fosse para explicar a gravidade de um fato tão incrível e absurdo como a situação criada na Península da Coreia [É sério que eu li isso??? O autor realmente acredita que nos três parágrafos anteriores ele "explicou" a "gravidade" da "situação criada na Península da Coreia"???], em uma área geográfica onde se agrupam quase 5 dos 7 bilhões de pessoas que neste momento habitam o planeta. [A introdução não só é extensa como, de fato, não significa absolutamente nada. Quem quer que tente extrair algum entendimento dos três parágrafos iniciais do texto vai se deparar com uma tarefa inglória. Eles não produzem sentido interno, não produzem sentido entre si e o bloco de três parágrafos não estabelece relação com o resto do texto. Quem alfabetizou Fidel Castro??? Paulo Freire???] [Como assim 5 dos 7 bilhões de terrestres vivem na península da Coreia??? Será essa uma informação extraída de algum paper da "Cátedra de Geografia Crítica" da Universidade de Havana???]

Trata-se de um dos mais graves riscos de guerra nuclear depois da Crise de Outubro, em 1962, em torno de Cuba, há 50 anos. [Eu, em minha imensa limitação de alguém educado por escolas particulares capitalistas exploradoras da mão de obra das pobres professoras, não consigo entender o objetivo de se dar duas referências temporais, para o mesmo evento, na mesma frase. Mas estou certo que se trata de uma limitação minha, o Grande Líder não seria capaz de publicar o texto com uma bobagem tão sem sentido e tão evidente. Tenho certeza que de que há uma explicação inclusive científica que justifica o que parece um equivoco a nós, meros ignorantes  Talvez uma prosaica, como certificar a funcionalidade do método freiriano da "matemática étnica", mostrando que sim! quem é educado nesse método consegue contar quantos anos se passaram entre 1962 e 2013. Talvez uma explicação mais complexa, uma que inclua o questionamento da mecânica newtoniana e do unidirecionamento do vetor temporal. Vocês sabem que não só a medicina cubana é mais avançada que a nossa, no campo da física, o bloco comunista está 1000 anos à nossa frente.][O parágrafo anterior destina-se a qualificar a "situação criada" (o texto não explica muito sobre a situação, nem lança nenhuma luz sobre "como", "por que", "por quem" ou "de que forma" a mesma teria sido "criada", mas não se deve esperar explicações da parte de Fidel Castro, não é mesmo???)  assim, parece evidente que a frase que se apresenta solta, tecnicamente deveria estar integrando o parágrafo anterior].

No ano de 1950, se desatou ali uma guerra que custou milhões de vidas. Fazia apenas 5 anos que duas bombas atômicas haviam explodido sobre as cidades indefesas de Hiroshima e Nagasaki, as que em questão de minutos mataram e irradiaram sobre centenas de milhares de pessoas. [No curso do texto, a última referencia espacial é "em torno de Cuba", no parágrafo imediatamente anterior. Assim, ao lermos "No ano de 1950, se desatou ali uma guerra" somos levados a entender que em 1950 houve uma guerra em Cuba. Mas como nós sabemos que o golpe no qual a patota de Castro destituiu Fugêncio Batista aconteceu somente em 1959, assim somos obrigados a inferir que Fidel Castro foi alfabetizado sim pelo método de Gilberto Freire][Qual a relação é estabelecida entre as duas frases que compõem o parágrafo???]

Na Península Coreana o General Douglas MacArthur quis empregar as armas atômicas contra a República Popular Democrática da Coreia. Nem sequer Harry Truman o permitiu. [Mais uma frase solta. Alguém me explica por que os comunistas tem tanto horror à "estrutura de parágrafos"???] Segundo se afirma, a República Popular da China perdeu um milhão de valentes soldados para impedir que um exército inimigo se instalasse na fronteira deste país com a sua Pátria. A URSS, à sua vez, forneceu armas, apoio aéreo e ajuda tecnológica e econômica. ["Segundo se afirma" é ótimo!! Quem afirma??? Se ele tivesse simplesmente enunciado que mil soldados chineses morreram, teria ficado menos rocambolesco do que atribuir a fonte do número de baixas a um sujeito indeterminado]

Tive a honra de conhecer Kim Il Sung, uma figura histórica, notavelmente valente e revolucionária. [Ok, não vou mais tocar na questão da falta de organização de parágrafos. Quero apenas notificar que os parágrafos são representações gráficas dos "blocos de pensamento", se o autor não organiza o texto em parágrafos, é porque não há pensamento para montar os blocos] [Então Kim Il Sung era um rapaz "notavelmente valente e revolucionário", alguém me explica o que exatamente significa "ser revolucionário"???? E "ser histórico"???]

Se lá estourar uma guerra [Ignorando-se o parágrafo anterior (o 9º) – que é completamente deslocado do fluxo de raciocínio estabelecido no parágrafo anterior a ele (o 8º) – a última referência espacial é URSS (aparece no final do 8º parágrafo), visto que a URSS não existe mais, devemos entender que Castro está preocupado com a possibilidade de estourar uma guerra na Rússia???]  os povos de ambas as partes da Península serão terrivelmente sacrificados [Sério???? Vai ser a primeira vez na História da humanidade que uma guerra vai causar algum tipo de consequência ruim. O que seria de nós, se não tivéssemos Fidel Castro e sua visão além do horizonte, para nos alertar, não é mesmo???], sem benefício para nenhum deles. A República Democrática da Coreia sempre foi amistosa com Cuba, como Cuba tem sido sempre e seguirá sendo com ela [Eu não consegui perceber o nexo de significado entre as duas orações do parágrafo, mas já entendi que esperar nexo nos textos de Fidel Castro é perda de tempo. A segunda afirmação não serve nem para expor apoio à Coreia do Norte, visto que afirmar que a ditadura caribenha seguirá retribuindo a amistosidade da ditadura asiática não implica em afirmar que Castro estaria disposto a entrar em uma guerra para apoiar seu "irmão em totalitarismo"].

Agora que demonstrou seus avanços técnicos e científicos, lhe recordamos seus deveres com países que foram seus grandes amigos, e não seria justo esquecer que tal guerra afetaria de modo especial mais de 70% da população do planeta ["demonstrou seus avanços técnicos e científicos"????????? Como assim????].

Se um conflito desta índole estourar, o governo de Barack Obama em seu segundo mandato ficaria sepultado por um dilúvio de imagens que o apresentariam como o mais sinistro personagem da história dos Estados Unidos. O dever de evitá-lo é também seu, e do povo dos Estados Unidos. [Deixa eu ver se eu entendi: Fidel Castro está preocupado com a forma como os americanos vêem o próprio presidente???? Por que a boa imagem de Obama é importante para Castro???? Será que em um prosaico texto no Gramna, o tiranete cubano finalmente teria confirmado as suspeitas que a parte mais esclarecida da população americana tem levantado sobre a estirpe de Obama já há algum tempo????]

Conclusão: Não fosse um padrão próprio do esquerdismo, poderíamos inferir que a senilidade deixou Fidel Castro gagá. Não é o caso, a mente turva não é produto do número de anos, mas traço constituinte da personalidade dele e dos que o admiram, desde sempre. Com tal "texto", Fidel Castro com certeza consegue uma boa nota no Enem e, consequentemente, garante uma vaga no ensino superior brasileiro, visto que em nenhum momento ele "feriu o direitos humanos", como cobra o MEC. Uma vez que a medicina cubana é muito avançada, Fidel ainda tem tempo de fazer um curso na USP e parear, em títulos, seus bajuladores Safatle e Sader. Tudo isso graças à "mudança de paradigmas" estabelecida pelo PT na correção de redações dissertativas: o nome do artigo é "O dever de evitar uma guerra na Coreia", mas dos 12 "blocos de sentenças" (uma vez que não chegam a se constituírem em parágrafos) que compõem o texto, o assunto só é abordado (mal e porcamente) nos 2 últimos blocos. Se Fidel Castro estivesse sendo avaliado pelo MEC do Brasil pré-PT, seria desclassificado por "fuga do tema". Mas, graças a São Luis Ignácio, a São Fernando Hadad e Santo Aluízio Mercadante, os padrões qualitativos para avaliar dissertações hoje são bem menos elitistas. 

Como bem se vê, a cada "Escreve como pensa" vai ficando mais comprovada a minha tese de que o pré-requisito para o esquerdismo é a oligofrenia. O veredito sobre o artigo de Fidel Castro é o mesmo dos anteriores: se alguém abrir um pacote de massa de sopa em formato de letras e simplesmente jogar o conteúdo sobre uma mesa é possível que crie um texto mais criativo, invetivo e com mais informação do que os produzidos pela mente desses "intelequituais" esquerdistas. É gritante a total incapacidade de criar raciocínios, restando ao autor justapor afirmações aleatórias que não se coordenam entre si. O caso de Castro é especial, porque na qualidade de Chefe de Estado, ele dispõe de vasta equipe de assessores para revisar e melhorar seus comunicados. Das duas uma: ou tais pessoas perceberam a pobreza do "texto" e não ousaram apontá-la por medo de serem mal compreendidos e irem parar no "paredón", ou a brutalidade do totalitarismo mina completamente a inteligencia e o discernimento dos cidadãos enquanto estes crescem e são idiotizados pelo "sistema de ensino".

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7 de março de 2013

Para gravar imagens da web

Quem não tem o costume de salvar imagens da internet no computador? Seja aquela paisagem bonita, ou aquele produto que se pretende adquirir, corpos nus (por que não?) e o que for. Depois, esses arquivos ficam amontoados e esquecidos no computador, até que for fim, se perdem em nossa desorganização cibernética.

Não precisa mais ser assim. Há algum tempo vem surgindo serviços que permitem salvar essas imagens não no computador, mas em uma página pessoal dentro do serviço. O primeiro deles foi o Tumblr, que foi criado para ser alguma coisa entre o Twitter e o Blogger, mas que por algum motivo passou a ser usado mais para imagens do que para texto. Contudo, a postagem de imagens no Tumblr, no início pelo menos, não contava com extensões para os navegadores, assim o usuário tinha que fazer manualmente. 

Foi então que surgiu o Vi.Sualize.Us, primeiro serviço a permitir postar imagens apenas clicando com o botão direito do mouse, em um navegador dotado da extensão específica. Embora dispusesse se recursos muito interessantes, como o slideshow, o VisualizeUs não fez muito sucesso.

Nesse vácuo, surgiu o site que popularizou esse tipo de serviço, o Pinterest. Com uma "dashboard" bem simples e ágil, o serviço foi um sucesso instantâneo, gerando uma série de "crias". 

Inicialmente, alguns reclamaram que o conteúdo do Pinterest era demasiado "feminino", então alguém teve a ideia de fazer uma rede parecida, mas voltada para os interesses dos cavalheiros. Assim surgiu o Gentlemint.  A ideia pegou e o serviço cumpre exatamente o que promete.

Se seguida, surgiu o antípoda do Gentlemint, o Weheartit, esse sim extremamente feminino, a começar pela logomarca, um "coraçãozinho rosa".

Por fim, o que na minha opinião é o mais completo, o Minus, que é essencialmente usado para postar fotos, mas disponibiliza uma extensão para salvar imagens da web, com uma grande vantagem em relação aos demais: quando se clica com o botão direito, abre uma tela na qual é possível editar as imagens antes de salvar no serviço.

2 de março de 2013

Por um novo modelo de representação democrática

Acrópole

Este é um exercício para imaginar uma forma de manter o que as eleições democráticas têm de bom, suprimindo seus aspectos negativos. Se por um lado as eleições democráticas permitem que o povo escolha seus governantes, contudo – ao transformar cada cidadão em um voto –, por outro o modelo democrático adotado atualmente tende a nivelar por baixo, ou seja confere poder a um contingente de pessoas que nem de longe estão preparadas para opinar nos destinos da nação. 


A democracia surgiu na Grécia, mas era muito diferente da que conhecemos hoje. Todo cidadão grego tinha direito ao voto, o problema é que para os gregos só era cidadão uma parte da população, a saber: os homens, livres (não escravos), acima de uma faixa de rendimento específica. Esses mesmos critérios gregos eram o modelo de democracia adotado na época do Brasil Império. Na história recente das nações ocidentais, conseguiu-se com muita luta acabar com a escravidão, estender o direito dos votos às mulheres e até mesmo aos analfabetos. Ou seja, fez-se um esforço hercúleo para incluir o maior número de pessoas possível no processo de escolha dos governantes. Por um lado, obtivemos ganhos, visto que parece razoável que a renda do cidadão NÃO seja um critério determinante para que ele possa ou deixe de poder participar da escolha dos representantes. Por outro, houve perdas enormes. Ao abolir todo e qualquer critério, ao permitir o voto até aos analfabetos, transformou-se o processo político democrático em uma imensa patuscada, que nem de longe reflete os que os gregos objetivavam, quando o conceberam.

Com a inclusão indiscriminada, concedeu-se o poder de escolha a uma massa caracterizada pela falta de cultura e informação, de modo que o espaço do debate político não é mais marcado pelo embate de ideias,  pela  contraposição de pensamentos, de ideologias, mas sim pela contratação dos mais caros profissionais da área de publicidade, capazes de criar – fazendo uso dos recursos que lhe são próprios – mensagens emocionalmente apelativas. O processo político passou a girar em torno dos conchavos entre os partidos, os quais permitem colecionar segundos no no "horário eleitoral gratuito". Não há nenhum político que não conheça as palavras certas para acionar reações nas massa, cujo comportamento mais se aproxima das reações instintivas dos animais, do que do ser humano que está de posse da faculdade racional. Dessa forma, como conciliar o ideal de que "todos tem os mesmos direitos" com a necessidade de manter o campo político salvaguardado das manipulações daqueles que dominam as reações emocionais das massas?

Primeiramente precisamos compreender o que significa "ter direito". Por exemplo, a maneira como nossa sociedade está configurada assegura que todos possuem direito de conduzir um automóvel, o que não significa que qualquer um possa efetivamente fazê-lo. Como se trata de uma atividade cuja imperícia pode acarretar risco de vida, a sociedade concorda e se organiza para gerenciar a inclusão, ou seja, todo e qualquer cidadão tem o direito apriorístico de conduzir, mas para que esse direito seja efetivado, o cidadão concorda em se submeter a um crivo que comprova que o mesmo está de posse dos requisitos mínimos para o desenvolvimento da atividade. Assim, apesar de todos terem direito de conduzir, só pode efetivamente fazê-lo quem está outorgado pelo estado através da CNH. Parece razoável considerar que a imperícia na escolha de um regente estatal seja tão ou mais danosa do que na prática da condução de um automóvel. De modo que faz-se necessário que haja critérios (conforme os gregos já tinham percebido) que habilitem o cidadão para participar do jogo político. Mas sendo assim, como estabelecer tais critérios?

As possibilidades são muitas e, em qualquer frente que se trabalhe, é necessário salvaguardar os direitos que já foram conquistados. Não é justo, nem razoável ao grau de desenvolvimento que já atingimos, que pessoas sejam excluídas pelos critérios do gênero ou da renda, conforme era feito há 200 anos. Se o campo político é o campo da abstração, estará habilitado a participar dele quem for capaz de demonstrar perícia na abstração, e para tal, nada melhor do que um questionário. Atualmente a escolha de um governante acontece em único dia. Todos os eleitores se dirigem as urnas, votam, e em seguida todos terão que se submeter ao resultado do processo. No modelo que estamos propondo, a cada eleição, todos os portadores de títulos de eleitor, seriam convocados dias antes de comparecerem a votação, para responderem um questionário, uma prova. A nota nessa prova habilitaria ou não o indivíduo a votar.

Mas quem criaria essa prova? Os próprios partidos políticos. Há métodos simples de viabilizar a ideia. Vejamos alguns deles. Cada partido indicaria seus representantes para compor a "Comissão para Melhoria da Representatividade Democrática" (CMRD), que seria uma instância independente como o Ministério Público, por exemplo. Digamos que a cada 10 deputados ou senadores, um partido ganharia o direito de incluir uma questão na prova. Assim, quanto mais representantes do partido, mas influência ele teria sobre a prova. Como contra peso, os partidos precisariam definir a si mesmos como "governistas" (ou seja, alinhados com o partido que ocupa o executivo) ou oposição. As perguntas da oposição teria peso maior que as perguntas governistas. Tal mecanismos impediria que engessamento criasse uma bola de neve no qual quanto mais representantes o partido tenha, mais eleitores habilitados ele terá.

As perguntas seriam relativas a acontecimentos do noticiário político e ao conhecimento das diferentes correntes ideológicas. Todas as ideologias devem ser contempladas e para tal, nada melhor do que deixar que cada partido forneça as perguntas. Entre as questões do noticiário televisivo, podemos usar como exemplo perguntas como "Qual o nome do relator do processo do Mensalão?", "Quem é o atual presidente do Senado?". Em relação às diferentes ideologias, não haveria problema em que o partido explicitasse questões "tendenciosas", desde que a pergunta especificasse a que ideologia a questão se refere. Por exemplo: "assinale das alternativas abaixo apenas as sentenças que contém críticas ao modelo neo-liberal" (as respostas poderiam conter: "dilapidação do patrimônio público através da entrega das nossas preciosas empresas estatais a grupos de interesses privados"). Os partidos alinhados com o liberalismo econômico, por sua vez também teriam liberdade para redigir as questões conforme seu próprio ponto de vista, então poderiam inserir "assinale entre as alternativas abaixo apenas aquelas que contém críticas ao modelo desenvolvimentista que usurpa da iniciativa privada e atribui ao estado a responsabilidade de gerar riqueza" (entre as respostas, poderíamos ter "uso político das empresas estatais que gera baixa eficiência e redução do valor de mercado das mesmas"). Como se pode ver, o objetivo das questões não pode ser selecionar eleitores de uma determinada ideologia.

Para que tal reforma seja feita, a primeira mudança necessária é que o voto seja de fato um direito, não uma obrigação (como é hoje). Se a pessoa não quiser se submeter à prova, ela não sofreria nenhum tipo de punição ou penalidade. Na verdade, o eleitor que quisesse votar na próxima eleição, deveria comunicar antecipadamente o TRE, para que este preparasse a avaliação. Isso já reduziria drasticamente o contingente de eleitores, mas mesmo assim, do ponto de vista da logística, seria complicado aplicar a mesma prova a todos os possíveis eleitores. A solução é criar pelo menos 10 provas diferentes. E em cada prova, 10 combinações de gabarito diferentes, ou seja: no modelo 01, as respostas estão organizadas de forma que a opção correta é a letra "A". No modelo 02, a mesma resposta apareceria como letra "B". As provas não precisariam ser aplicadas todas no mesmo dia, porque mesmo que os que já tivessem feito a prova contasse as respostas para quem ainda não fez, não haveria problema, pois o objetivo é justamente fomentar a participação política e não excluir pura e simplesmente. 

Acredito que a criação desse crivo, elevaria em todos os aspectos o campo do debate político, faria o foco sair das campanhas que fazem chantagem emocional e voltaria à razão. Mas tudo que foi escrito acima é apenas o começo da ideia. Admito que ela precisa ser lapidada. O que você teria a acrescentar??? Deixe sua sugestão abaixo, ou comente através do Facebook clicando aqui. Ou através do Twitter, usando a hashtag #CMRD.

Post-scriptum. Aqui entraram algumas considerações feitas a partir dos comentários de quem leu:

01) A primeira objeção feita ao exposto foi a de que o custo seria elevado. Para dar conta desse ponto, consideremos então que cada cidadão só tem direito de fazer uma prova a cada quatro anos. Se passar, ganha a habilitação para votar válida por quatro anos. Se perder, um abraço. Só pode fazer a prova de novo depois de cumprir o ostracismo.

1 de março de 2013

História do Brasil (Versão Revista, 2013) ou "Recordar é viver"

"Quem controla o passado, controla o futuro; quem controla o presente, controla o passado... quem controla o passado, controla o futuro”. Com essa frase, George Orwell já havia advertido que uma das características mais marcantes dos regimes totalitários seria o impeto de reescrever a história ao seu bel prazer. Com o avanço do totalitarismo no Brasil, a história do país vem sendo recriada para atender às necessidades do partido dominante. Além da famigerada “Comissão da Verdade”, cujo objetivo é convencer ao brasileiro médio, idiotizado pelos panfletos comunistas do MEC, de que a “Verdade” é a patuscada que o PT quer comprar. Para tal, foi criada uma comissão de sete pessoas, indicadas por um único dedo, sendo que o dedo que fez as indicações é parte envolvida no período histórico que se quer recontar. Agora, foi montado no Palácio do Planalto um mural cujo objetivo é contar, através de imagens, os acontecimentos históricos nos últimos 10 anos. Estranhamente, o ano de 2005 foi suprimido. Como eu acredito que minha verve é mais apimentada e capaz de produzir textos mais interessantes do que os “historiadores de aluguel”, decidi re-escrever a História do Brasil, para que caiba na cosmologia que o Partido quer criar.

História do Brasil (Versão Revista, 2013)

No continente sul americano havia uma vasta extensão de terra entre o Oceano Atlântico e os Andes. Lá, reinava a desorganização e o conflito de interesses entre os trabalhadores e os donos dos meios de produção. Nesse cenário, nasce um bebê que foi batizado de Lula. Ainda pequeno, a família de Lula se mudou do Nordeste para São Paulo, fugindo da perseguição do rei Herodes. Aos 12 anos de idade, Lula impressionou os sacerdotes do templo por causa de suas palavras de sabedoria (elas possuíam alguns erros de concordância, mas nada que chegasse a comprometer o conteúdo da mensagem), a capacidade intelectiva do garoto surpreendeu especialmente depois da declaração de que a mãe dela nascera analfabeta.

Ao atingir a maior idade, Lula disse: "Faça-se o PT". Concorrendo pela chapa do partido que ele mesmo fundou, Lula tornou-se presidente dessa vasta extensão de terra. Então ele batizou esse lugar de Brasil, e criou uma capital para o seu país, Brasília. A partir daí, o que antes era desorganização virou uma máquina de prosperidade trabalhando a serviço do povo. Como estadista, Lula deu orgulho aos cidadãos do país que ele fundou, ao defender suas teorias científicas em fóruns internacionais, sendo inicialmente perseguido pela igreja por afirmar que o efeito estufa era uma consequência do formato "redondo" do planeta Terra (Clique no vídeo para ver a explanação na qual essa verdade auto-evidente foi revelada 


Dados oficiais, no entanto, provaram que o presidente tinha razão, a Terra tinha o formato plano e redondo, como uma pizza. Assim, Lula cumpriu seu mandado afirmando que ele provaria que o Mensalão era uma invenção da imprensa golpista e que tudo acabaria em pizza.

Para mostrar aos seus opositores que ele é um cara legal e democrático, Lula abriu mão de seu lugar de direito, o cargo de chefe do Estado que ele fundou. Mas colocou em sua cadeira sua discípula e filha, Dilma. No início do governo Dilma, a máquina da mídia queria trazer o Brasil à condição obscurantista na qual ele se encontrava antes de Lula arrumar a bagunça. Assim, inventaram inverdades sobre pessoas ilibadas. Alguns deles chegaram a renunciar, mas não se conseguiu provar nada contra ninguém. Antes de sair, o Ministro Carlos Lupi ainda deu uma contribuição à medicina, ao mostrar que uma conjunção de fatores biológicos poderia causar uma perda de memória seletiva (Clique aqui para ver a cobertura do caso). O ministro se percebeu acometido dessa disfunção, diagnosticou-se a si próprio e descobriu a cura. A síndrome entrou para os anais médicos com o nome de "Lupismo", mas hoje é uma doença de tratamento fácil, basta auxiliar o acometido a resgatar os pedaços de lembranças com a exposição a vídeos e fotos. 

Esses são apenas alguns dos fatos que aconteceram nesse durante essa década de 9 anos. Por conta de todos esses avanços nos campos sociais, econômicos, políticos, científicos, filosóficos, industriais, midiáticos, astrológicos, culinários, médicos, e em todo e qualquer campo do conhecimento humano, é que hoje o cidadão Brasileiro vive feliz e satisfeito, sem nada do que reclamar. Quem não concorda é porque é “do contra”.

24 de fevereiro de 2013

Pela volta do poder moderador

Os acontecimentos no incidente que causou a morte do torcedor boliviano de 14 anos atingido por um sinalizador são emblemáticos do que eu venho falando sobre o comportamento da mentalidade coletivista e a romantização da "divindade da maioria". As imagens televisionadas mostram que, quando a notícia da morte do rapaz se espalhou entre os torcedores bolivianos, esses começaram a jogar pedras nos jogadores do Coríntias. Também começaram a hostilizar os demais brasileiros que se encontravam entre os torcedores. Qual é a lógica de atirar pedras nos jogadores? Alguém, que até então não havia sido identificado, havia matado (provavelmente por acidente, ainda que ocasionado por uma ação irresponsável) um boliviano. Esse fato empírico é transformado na mente dos torcedores em "início da guerra entre boliviano e brasileiros". Provavelmente, se um dos torcedores bolivianos que atirou pedra nos jogadores do Coríntias tivesse poder para tal, ordenaria o imediato bombardeio das capitais brasileiras. A mentalidade comum confunde "justiça" com "vingança" (haja visto os movimentos negros que querem vingança contra os brancos, os movimentos feministas que querem vingança contra os homens e por aí vai...), mas catalizada pela condição de "elemento da manada" tal confusão pode atingir resultados bem nefastos, porque o alvo da vingança não é mais o mesmo que causou a agressão, mas qualquer um que, na visão do agredido, guarde qualquer tipo de ligação (ainda que remota) com o agressor, ou seja a mesma cor de pele, o mesmo sexo etc. Não quero me estender, até porque José Ortega y Gasset já fez na obra "A Rebelião das Massas" um trabalho muito melhor do que eu seria capaz. Mas termino reafirmando que a democracia, para não se tornar aquilo que levou Hitler ao poder e está transformando o Brasil em um estado totalitário, necessita de uma instância capaz de controlar a turba. Sem essa instância não é possível que haja a verdadeira democracia, mas apenas "ditadura da maioria ensandecida", ou seja aquele capaz de contar as mentiras que as massas querem ouvir e fazer ressoar o "ruído que vem de baixo" é automaticamente elevado por elas ao cume do poder. Qualquer semelhança desse texto com uma crítica ao lulo-petismo NÃO é mera coincidência.

21 de janeiro de 2013

Indicações: O Patriota

A mídia de massa foi há muitas décadas monopolizada pela esquerda. Enquanto isso, na Internet, surgem de todos os lados blogueiros, sites e programas que são a resistência no front. O nome de Olavo de Carvalho vem se projetando e popularizando cada vez mais. Mas ele não é o único. Há muito material para quem deseja informações que não estejam contaminadas pelas ideologias dominantes. A partir dessa semana, vou fazer postagens curtas com indicações desses conteúdos alternativos da Internet. A primeira indicação é o programa de rádio "O Patriota", veículado pelo "Blog Talk Radio". O programa dessa semana traz excelentes apontamentos sobre a questão da Venezuela, que está sendo governada por um defunto, e a mídia de massa brasileira faz vistas grossas para a palhaçada. Vale a pena conferir! http://www.blogtalkradio.com/opatriota

10 de janeiro de 2013

Quem está por trás de Salim Lamrani?

Hoje vamos fazer um estudo sobre o texto "Quem está por trás de Yoani Sánchez?", assinado por um jornalista francês de nome Salim Lamrani, que foi traduzido e reproduzido em diversos sites da mídia camarada brasileira, entre eles o Brasil de Fato. Mesmo não sendo material novo, achei interessante fazer a análise, pois esse artigo é um bom representante do modus operandi dos esquerdopatas. Segue abaixo o original em cinza, com os comentários em vermelho.

Salim Lamrani
Yoani Sánchez, famosa blogueira de Havana, é uma personagem peculiar no universo da dissidência cubana. Jamais nenhum opositor se beneficiou de uma exposição midiática tão massiva e nem de um reconhecimento internacional de semelhante dimensão em tão pouco tempo. Após emigrar para a Suíça em 2002, decidiu retornar a Cuba dois anos depois, em 2004. Em 2007, adentrou o universo da oposição em Cuba ao criar o blog Generación Y*, tornando-se uma detratora ferrenha do governo de Havana. Jamais nenhum dissidente em Cuba – quiçá no mundo – conseguiu tantas premiações internacionais em tão pouco tempo, com uma característica particular: tais prêmios deram a Yoani Sánchez dinheiro suficiente para viver tranquilamente em Cuba o resto de sua vida. [Até porque, conforme será revelado no próprio texto, Cuba é um país de miseráveis, toda a população é muito pobre, portanto não é preciso muito dinheiro para "viver tranquilamente" lá.] 

No total, a blogueira foi agraciada com a soma de 250 mil euros, o que significa um montante equivalente a mais de 20 anos de salário mínimo em um país como a França, quinta potência mundial. Ou ainda o equivalente a 1.488 anos de salário mínimo cubano por sua atividade de opositora, já que em Cuba o salário mínimo mensal é de 420 pesos, quer dizer, 18 dólares ou 14 euros. [Note que o autor usa apenas uma única unidade monetária, o euro, e um mesmo valor (250 mil euros) é desdobrado em 20 anos da remuneração mínima na França e em 1.488 anos da remuneração mínima em Cuba (essa informação será importante adiante). Sim, amigo, Um trabalhador cubano que não tem ligação com a elite castrista, labuta o mês inteiro para ganhar 18 dólares, o equivalente a 36 reais!!!!]

Wikileaks

Yoani Sánchez mantém estreita relação com a diplomacia estadunidense em Cuba, como indica uma mensagem, classificada como secreta por seu delicado conteúdo, emitido pela Seção de Interesses Norte-Americanos (Sina). Michael Parmly, antigo chefe da Sina em Havana, que se reunia regularmente com Yoani em sua residência diplomática pessoal como indicam documentos confidenciais da Sina, demonstrou preocupação a respeito da publicação dos telegramas diplomáticos estadunidenses pelo Wikileaks: “Ficaria bastante aborrecido se as inúmeras conversas que tive com Yoani fossem publicadas. Ela poderia ter de pagar pelas consequências por toda a sua vida”. Posto isso, a pergunta que vem imediatamente à cabeça é a seguinte: “Por quais razões Yoani estaria em perigo se a sua atuação, como afirma, respeita o marco da legalidade?”. [O autor só pode estar se fazendo de bobo. O motivo é muito simples, em todo regime totalitário não há divisão de poderes, o poder é concentrado nas mãos de um único partido, ou figura pública -- no romance de George Orwell, personificado como o "Grande Irmão". É por isso que pessoas somem sem deixar rastro. Estar dentro da "legalidade" não significa absolutamente nada, uma vez que é o próprio governo totalitário quem não respeita a legalidade.]

Em 2009, a imprensa ocidental propagandeou massivamente a entrevista que o presidente Barack Obama havia concedido a Yoani Sánchez, o que foi considerado um feito excepcional. À época, Yoani também havia afirmado haver mandado um questionário similar ao presidente cubano Raúl Castro e que este não havia se dignado a responder a sua solicitação. No entanto, os documentos confidenciais da Sina, publicados pelo Wikileaks, contradizem essas declarações. [Aqui, Obama, cujas atitudes demonstram um claro alinhamento com o comunismo internacional (a exemplo do acordo unilateral de desarmamento que assinou recententemente, no qual os EUA se comprometem a diminuir seu poderio bélico, sem contrapartida da Rússia ou China – país que a cada acumula um arsenal mais destruidor) é estranhamente colocado como representante do "mundo livre", coisa que Obama de fato não é].

Na realidade, descobriu-se que foi um funcionário da representação diplomática estadunidense em Havana quem se encarregou de redigir as respostas para a dissidente e não o presidente Obama. Mais grave ainda, o Wikileaks revelou que Yoani, diferentemente de suas afirmações, jamais mandou um questionário a Raúl Castro. O chefe da Sina, Jonathan D. Farrar, confirmou essa realidade em uma mensagem ao Departamento de Estado: “Ela não esperava uma resposta dele [Raúl], pois confessou que nunca enviou [as perguntas] ao presidente cubano”. 

A conta no Twitter

Além do blog Generación Y, Yoani Sánchez dispõe também de uma conta no Twitter e reivindica ter mais de 214 mil seguidores (registrados até 12 de fevereiro de 2012)**. Apenas 32 deles residem em Cuba. Por seu lado, a dissidente cubana segue mais de 80 mil pessoas. Em seu perfil, Sánchez se apresenta do seguinte modo: “Blogueira, resido em Havana e conto a minha realidade em textos de 140 caracteres. ‘Twitto’ via SMS sem acesso à rede”. 

Não obstante, a versão de Yoani é dificilmente crível. Com efeito, resulta ser absolutamente impossível seguir mais de 80 mil pessoas só por SMS [mensagens de texto via celular] com uma conexão semanal a partir de um hotel. Um acesso diário à rede é indispensável para tanto. [Aqui o texto faz uma grande confusão, mas que só engana quem não tem trato com a Internet. Uma coisa é a pessoa se inscrever para receber as informações de alguém, outra bem diferente é a pessoa ler todas as informações vindas de todos os contatos em uma rede social. Quem quer que use uma das redes sociais disponíveis atualmente, sabe que a informação circula "por amostragem". Ninguém lê cada uma das mensagens postadas, mas passa os olhos e confere "o que é que estão dizendo por aí". Sobretudo no Twitter, que ao contrário do Facebook, não visa conectar pessoas que se conhecem na vida real, mas sim conectar pessoas com interesses semelhantes, mesmo que não se conheçam. Além disso, no Twitter é um expediente normal o uso de "robôs" que assinam automaticamente um contingente grande de desconhecidos, na esperança de que os "assinados" assinem de volta. Tal procedimento visa aumentar o número de seguidores e é muito usado por políticos, por exemplo. Isso porque o indivíduo não está interessado em usar o perfil em questão para acompanhar aqueles que ele segue, mas sim fazer suas mensagens chegarem ao maior número possível de pessoas. É interessante notar que, mesmo que Yoani dispusesse de "acesso diário à rede" (conforme alega o texto, com o objetivo de dizer que a blogueira está mentindo), mesmo que fosse banda larga, e mesmo que cada um de seus seguidores só postasse uma única mensagem por dia, ainda assim seriam 80 mil mensagens diárias, o que é humanamente impossível de ser lido]

A popularidade na rede social Twitter depende do número de seguidores. Quanto mais numerosos são, maior é a exposição da conta. Do mesmo modo, existe uma forte correlação entre o número de pessoas seguidas e a visibilidade da própria conta. A técnica que consiste em seguir numerosas contas é comumente utilizada para fins comerciais, assim como pela classe política durante as campanhas eleitorais. [Conforme já foi explicado. A questão é: em Cuba, o uso da internet é um luxo reservado somente para a classe mais alta (os membros do partido)(não é a toa que entre os seguidores da blogueira apenas 32 residam em Cuba. O cubano médio somente tem uma vaga noção do que seria Internet. Com certea esses 32 seguidores são agentes do partido que a seguem com o objetivo de monitorá-la), portanto de que outra forma Yoani poderia começar a se tornar popular, começar a chamar a atenção de pessoas de fora de Cuba, senão usando tais "robôs" no Twitter?] 

A página www.followerwonk.com permite analisar o perfil dos seguidores de qualquer membro da comunidade Twitter. O estudo do caso Yoani Sánchez é revelador em vários aspectos. Uma análise dos dados da conta Twitter da blogueira cubana, realizado através dessa página, revela a partir de 2010 uma impressionante atividade da conta de Yoani. Assim, a partir de junho de 2010, Yoani se inscreveu para seguir mais de 200 contas Twitter diferentes por dia, com picos que podiam alcançar 700 contas em 24 horas. A menos que se passe horas inteiras do dia e da noite nisso – o que parece altamente improvável – resulta impossível inscrever-se em tantas contas em tão pouco tempo. Parece, então, que as assinaturas tenham sido geradas por meio de um robô. [Outra vez, conforme já foi explicado. Trata-se do fato mais óbvio do mundo. É ululante que Yoani utilizou "robôs" com o objetivo de popularizar seu perfil no Twitter. O autor do texto, no entanto, apresenta essa constatação, como se ela fosse o resultado de uma complicada série de operações de inferências da qual estaria sendo extraído um segredo capaz de desmerecer o trabalho da blogueira] 

Perfis fantasmas

Do mesmo modo, descobre-se que cerca de 50 mil seguidores de Yoani são, na realidade, contas fantasmas ou inativas, que criam a ilusão de que a blogueira cubana goza de uma grande popularidade nas redes sociais. Com efeito, dos 214.063 seguidores da conta @yoanisanchez, 27.012 são “ovos” (perfis sem foto) e cerca de outros 20 mil revestem-se com características de contas fantasmas com uma atividade inexistente na rede (de zero a três mensagens mandadas desde a criação da conta). [Essa situação é normal para quem usa robôs com o objetivo de angariar seguidores. Como são máquinas virtuais trocando informações entre si, o que acontece é que a maior parte dos "pescados" são perfis abandonados por seus criadores. Esses perfis foram criados com objetivos específicos (uma ex-namorada bisbilhotar a vida do ex-namorado, sem se expor, sem que ele saiba que está sendo seguido por sua ex) e abandonados depois que se perde o interesse. De novo, qualquer um que conheça a "lógica" do Twitter, sabe que é assim que o sistema funciona, mas o texto apresenta a constatação como se fosse uma denúncia gravíssima]

Entre as contas fantasmas que seguem Yoani no Twitter, 3.363 não possuem nenhum seguidor e 2.897 só seguem a conta da blogueira, assim como a uma ou duas contas. Do mesmo modo, algumas contas apresentam características bastante estranhas: apesar de não possuírem nenhum seguidor, e seguirem apenas Yoani, já enviaram mais de 2 mil mensagens. 

Essa operação destinada a criar uma popularidade fictícia via Twitter é impossível de se realizar sem acesso a internet. Necessita também de um apoio tecnológico assim como de um orçamento. Segundo uma investigação realizada pelo diário mexicano La Jornada, sob o título “El ciberacarreo, la nueva estrategia de los políticos en Twitter”, sobre operações que envolviam os presidenciáveis mexicanos, diversas empresas dos Estados Unidos, Ásia e América Latina oferecem esse serviço de popularidade fictícia (o “ciberacarreo”, algo como um arrastão digital promovido artificialmente) por preços elevados. “Por um exército de 25 mil seguidores inventados no Twitter – afirma o jornal, cobra-se até 2 mil dólares e por 500 perfis manejados por 50 pessoas gasta-se entre 12 mil e 15 mil dólares”. [Sim, existem esses serviços muito utilizados por políticos que incluem 25 mil seguidores de uma vez só, contato que se pague. Contudo, o próprio texto conta que o perfil de Yoani "partir de junho de 2010, Yoani se inscreveu para seguir mais de 200 contas Twitter diferentes por dia, com picos que podiam alcançar 700 contas em 24 horas" e não 25 mil seguidores de uma vez só. Assim, fica claro que ela usou um dos milhares de serviços gratuitos facilmente encontráveis no Google, como é o caso deste aqui].

25 mil euros por mês [Agora vem a melhor parte]

Yoani Sánchez envia, em média, 9,3 mensagens [de texto via celular] por dia. Em 2011, a blogueira enviou cerca de 400 mensagens ao mês. O preço de uma mensagem em Cuba é de um Peso Conversível (CUC), o que representa um total de 400 CUC mensais. O salário mínimo em Cuba é de 420 Pesos Cubanos, o que representa algo em torno de 16 CUC. [Perceba que o autor fez a maior confusão ao usar duas unidades monetárias diferentes, o "Peso" e o "Peso Conversível". Ele poderia ter usado qualquer uma das duas unidades, mas apenas uma delas para simplificar o que pretende mostrar, mas parece que o objetivo é confundir mesmo] Todo mês, Yoani gasta o equivalente a dois anos de salário mínimo em Cuba. Assim, a blogueira gasta em Cuba [com o Twitter] uma soma que corresponde, caso ela fosse francesa, a 25 mil euros mensais, ou seja, 300 mil euros por ano. [Para acabar de complicar, o autor insere uma terceira unidade monetária, o "salário mínimo", que obviamente tem um valor em Cuba e outro bem maior na França. Então, na verdade há QUATRO referências monetárias em um único parágrafo. IMPORTANTE: no primeiro momento em que foi tratado de valores, ele transformou a soma recebida pela blogueira (250 mil euros) em números de anos com remuneração do salário mínimo cubano. Nesse segundo momento, ele parte na direção oposta e PULA da referência "dois anos de salário mínimo cubano" para chegar ao montante "dois anos de salário mínimo francês", expediente que não faz o menor sentido, visto que é apenas um malabarismo semântico para transformar 336 euros (valor efetivamente gasto mensalmente pela blogueira) em 25 mil euros (valor ao qual o autor chega, fazendo pirotecnia matemática), que por sua vez se transformam na astronômica cifra de 300 mil euros, para expressar o "gasto anual". Por que isso? Simplesmente porque o texto quer fazer entender que se o valor gasto pela blogueira é exorbitante, logo ela só pode estar recebendo auxílio externo de grupos "muito ricos". Então ele segue perguntado:] Qual a procedência dos recursos necessários para essas atividades? 

Inevitavelmente, outras perguntas surgem: “Como Yoani Sánchez pode seguir a mais de 80 mil contas sem um acesso permanente à internet? [Não há nada demais em "seguir" 1 milhão de contas. O que é impossível é ler todas as mensagens, então a blogueira faz o que todos que lançam mão desse expediente fazem: assinam, mas não leem as mensagens. Um exemplo é Barack Obama, que se utilizou desses "robôs" e sua conta no Twitter segue quase 700 mil pessoas. É óbvio que o presidente dos Estados Unidos tem mais o que fazer além de ler 700 mil mensagens por dia] Como conseguiu se inscrever para seguir cerca de 200 contas diferentes por dia, em média, desde junho de 2010, com picos que superam 700 contas? [Usando robôs, conforme o próprio autor já explicou] Quantas pessoas seguem realmente as atividades da opositora cubana na rede social? [Essa é uma pergunta impossível de se responder no mundo do Twitter, principalmente se a pessoa em questão for uma celebridade. O mecanismo do Twitter envia a mensagem, mas nada garante que os que assinaram para receber aquela informação de fato a lerá. Voltando ao exemplo de Obama, seu perfil é seguido por mais de 25 milhões de internautas, mas quantos destes realmente acompanham as atividades dele na rede?] Quem financia a criação das contas fictícias? [Ninguém financia a criação de contas fictícias até porque criar uma conta no Twitter não tem custo, portanto não há o que ser financiado. O que o texto está chamando de "contas fictícias" são na verdade contas abandonadas pelos usuários. Trata-se de um fenômeno comum na internet. Muitas contas de e-mail foram criadas e depois, por algum motivo, abandonadas. Não é diferente no Twitter, mas o sistema de robôs não faz distinção entre contas ativas e contas inativas]. Com que objetivo? Quais são os interesses que se escondem por detrás da figura de Yoani Sánchez? [Não há nada por trás de nada. É tudo pela frente mesmo. Yoani é opositora da ditadura castrista e recebe apoio de grupos com interesses afins. Esses grupos são formados por diversos seguimentos, desde cubanos que fugiram do regime e hoje moram em Miami (consequentemente ganham em dólar) até institutos criados com a finalidade de disseminar as ideias do liberalismo econômico. Convenhamos que não é muito dispendioso nem mesmo para 1 único dos milhares de refugiados cubanos que moram nos EUA e ganham em dólar, separar 336 euros mensais (e não 25 mil euros, como o autor quer fazer acreditar) para apoiar uma compatriota que luta contra o regime que os obrigou a sair do seu próprio país. Seguindo a própria lógica do texto: são 1,9 milhão de cubanos na América, logo formar 336 euros dá muito menos do que 1 centavo de dólar mensal para cada um deles].

* Estranhamente traduzido em tempo real em 20 línguas; entre elas, polonês, lituano, grego, búlgaro, coreano, persa e romeno. [Ainda na linha da "teoria da conspiração", o autor vê no fato do blog ser traduzido para 20 línguas um acontecimento estranho e sobrenatural]

Conclusão: Se tem uma lição de Lenin que a esquerda aprendeu definitivamente foi a máxima "xingue-os do que você é, acuse-os do que você faz". Desde que a internet se popularizou, se transformou em campo de guerrilha ideológica, muitas vezes com uso de recursos pouco honestos. No caso das acusações feitas pelo texto analisado, fica claro que são perfis abandonados agregados pelos robôs. Contudo, o expediente de criar perfis falsos para detratar, denegrir, ou dar uma ilusão de popularidade a uma figura pública é ferramenta amplamente utilizada PELA ESQUERDA. Recentemente alguém criou em outra rede social, o Facebook, o "Troféu Algema de Ouro" para eleger o político brasileiro mais bandido de 2012. Luis Inácio da Silva estava liderando a votação quando setores do PT perceberam o que estavam acontecendo. Foi então que outro político, Demóstenes Torres, passou a receber votos de perfis sem amigos, com nomes estranhos, as vezes até mesmo nomes repetidos (muitos localizados em países do estrangeiro, com nomes em outras línguas, até mesmo línguas e países asiáticos; além de muitos americanos, como se o americano médio se interessasse pela política brasileira...) para tentar evitar que O Chefe "ganhasse" o concurso. Clique aqui para ler mais sobre o caso; e clique aqui para constatar por si mesmo que a maioria dos perfis que votaram em Demóstenes é visivelmente irregular.