Milton "Risadinha" Santos |
Pegue-se qualquer parágrafo de qualquer obra de Milton Santos e faça-se um escrutínio no sentido de extrair dele alguma percepção nova, alguma contribuição que faça avançar o campo ao qual ele se arvora a tratar; é mais fácil conseguir ordenar uma rocha. Para demonstrar minha afirmação, escolhi aleatoriamente uma passagem dele, mas o mesmo pode ser feito de qualquer outra, é tudo blá-blá-blá. Leiam:
"Os atores que vão mudar a História são os atores de baixo. Então, eles vão agir de baixo pra cima. Os pobres em cada país, os países pobres dentro dos diversos continentes, os continentes pobres face aos continentes ricos. De tal forma nós não vamos ter uma evolução sincronizada como essa do processo de globalização. Haverá explosões aqui e ali, em momentos diferentes, mas que serão impossíveis de conter".
01) "Os atores que vão mudar a História são os atores de baixo. Então, eles vão agir de baixo pra cima"
A princípio parece que ele está apenas dando uma de mãe Diná, fazendo previsões para o futuro baseadas em sabe-se lá o que. Como ele não apresenta nenhuma linha de raciocínio que sirva de embasamento para a afirmação, fica-se com a impressão que ele está apenas apenas transformando em "tese científica" uma vontade íntima, mas quem conhece o embuste por trás da chamada "Geografia Crítica", sabe que, na verdade, ele está apenas repetindo as predições feitas por Karl Marx, aquele cujas ideias tresloucadas foram responsáveis pela morte de nada menos que 100 milhões de seres humanos durante o Século XX.
02) "Os pobres em cada país, os países pobres dentro dos diversos continentes, os continentes pobres face aos continentes ricos"
Se havia ficado alguma dúvida de que a tal "Geografia Crítica" seja um nome fantasia para a velha e natimorta "teoria marxista para a luta de classe", ele enuncia isso da forma mais clara possível. Na fala de Milton Santos, surgem "países proletários" que rebelar-se-ão, por fatalismo histórico, contra os "países burgueses". Que não faça sentido algum empregar a divisão das classes socais aos Estados Nação, não vem ao caso. O próprio Karl Marx seria incapaz de ver qualquer traço de sentido em muito do que foi extraído do "pensamento dele". O pós-marxismo, sobretudo aquele que grassa e abunda no Brasil, não passa de um conjunto capenga e inarticulado de delírios que parecem ter saído da mente de alguém que tenha tomado um chá de cogumelo estragado.
03) "De tal forma nós não vamos ter uma evolução sincronizada como essa do processo de globalização."
Sincronizada? Sincronizada com o que? Acho que ele quis dizer "evolução linear", mas só acho pelo contexto. Não consigo ver nenhum sentido nessa frase. O engraçado mesmo é a velocidade com que essas teorias caducam. Há 20 anos, criticar contra a globalização era o ápice do "cult". Se alguém queria tirar uma onda de intelectual, bastava versar sobre o "impacto nefasto da globalização na destruição das culturas regionais não alinhadas com o imperialismo americano" (um óculos com armação redonda, a lá John Lenon, ajudava no efeito cênico da patifaria). Outro que se alimentou bastante nesse pasto foi o recém falecido Ariano Suassuna. Hoje, ninguém fala mais disso. A Internet simplesmente abriu uma janela que permite o mais caipira dos caipiras conhecer o acervo do Museu do Louvre e nem por isso deixou de existir o Boi-Bumbá. Já o Maracatu, esse vai muito bem obrigado. Se Suassuna tivesse lido Marshall McLuhan, ele saberia que toda vez que surge um meio de comunicação de massa, ele sempre é apontado como uma ameaça à cultura então existente, mas isso jamais se concretizou. Pelo contrário, a cada desdobramento da tecnologia, há uma potencialização e aumento do alcance do acervo cultural da raça humana. Infelizmente, para Suassuna Milton Santos estava mais disponível do que o autor de "Os Meios de Comunicação com Extensão do Homem".
04) "Haverá explosões aqui e ali, em momentos diferentes, mas que serão impossíveis de conter".
Quando se usa uma conjunção adversativa, pretende-se fazer entender que houve, há ou haverá alguma forma de oposição entre a oração principal e a oração subordinada. Por exemplo: "Ele chegou atrasado, MAS conseguiu fazer a prova". O atraso tinha a potencialidade de se reverter em um impedimento, MAS (oposição) essa potencialidade não chegou a se manifestar. Perceba que na colocação de Milton Santos, não há oposição alguma. O fato de que as explosões (explosões de que?) acontecem em momentos diferentes não as torna passíveis de serem contidas. Isso mostra que ele não sabe o que quer dizer, está apenas montando frases encadeando palavras gatilhos capazes de disparar a emoções para as quais o militante (seu público alvo) está previamente condicionado. Substitua a conjunção "mas" na sentença acima e ela continuará tendo o mesmo sentido que ela tem: nenhum.
Por volta de 1917, opsiquiatra suíço Hermann Rorschach desenvolveu o que ficaria conhecido como "Teste de Rorschach" ou ainda, mais popularmente como "teste do borrão de tinta". O teste consiste em apresentar borrões de tinta preta sobre uma superfície branca perguntar ao paciente "o que ele está vendo". A imagem em si não é pictográfica, não representa nem apresenta nada, é apenas um borrão, uma mancha, conforme foi dito. Contudo descobriu-se que a pergunta "o que você está vendo" induz o observador a acreditar que de fato há alguma imagem ali para ele "descobrir". A buscar pela imagem que estaria escondida na cartela borrada, o paciente acaba por chegar em alguma imagem que está na verdade dentro dele mesmo, em camadas mais profundas de sua estrutura psicológica. E é exatamente assim assim que os intelectuais de esquerda trabalham. Peguem-se qualquer livro de Marilena Chauí, de Milton Santos, Francisco de Oliveira, Boaventura Souza Santos e tentem extrair sentido do que eles estão dizendo. É impossível. Suas palavras são encadeamentos nonsense de palavras que, quando muito, repetem a cantilena de Karl Marx, não sem conseguir defenestrar ainda mais o um pensamento que notadamente marcado pela falta de estrutura e por fazer falácias e mentiras ganharem verossimilhança através da exploração da esperança alheia.
Contudo, exatamente por serem desprovidos de sentido, essas falas são como manchas de Rorschach nas quais cada militante, cada desavisado, projetará os conteúdos que jazem latentes em camadas profundas de suas psicologias, e estas terão sido previamente preparadas segundo as diretrizes de Antonio Gramsci, através dos elegantes expedientes da Escola de Frankfurt. Assim, em cima de declarações totalmente nonsenses, cada um projetará algum sentido "progressista" que fale do fatalismo histórico das classes populares, ainda que usando como metáfora países no lugar de pessoas. Essa produção intelectual estilo Mancha de Rorschach é um dos principais fatores de degradação da cultura brasileira, porque atinge como um míssil o seio da academia, fazendo com que ela passe a formar cidadãos histéricos, incapazes de lidar com a realidade em si, presos a aquários semânticos de reiteração de discursos. E não foi o próprio Michel Foucault que advertiu que a ditadura que se exerce de forma subliminar é pior do que qualquer outra que empregue força física?