9 de agosto de 2014

Milton Santos, uma Mancha de Rorschach acadêmica

Milton "Risadinha" Santos
Quando eu fui obrigado pelo professor de Sociologia a ler livros de Milton Santos, quase tive um AVC. A cada parágrafo eu precisava tomar um Engov. Agora, admito, ouvi-lo falar é muito bom! Tem vários vídeos dele no Youtube (destaque para a entrevista do Roda Viva http://goo.gl/q0ZQ6Y e para o pseudo documentário "O mundo global visto do lado de cá" http://goo.gl/YTGZO3). A impressão que dá é que ele escreveu vários clichês marxistas em uma folha de papel, recortou-lhes e os colou em ordem randômica. Essa técnica, chamada de "cut up technique", foi inventada pelo poeta americano William Burroughs, ídolo da geração beat. Era assim que ele começava a criar os poemas. Claro que depois ele dava uma arrumada inserindo ou retirando algumas palavras para dar sentido ao caos. Acho que aos discursos de Milton Santos só faltam os termos que fariam aquele encadeamento nonsense de palavras fazerem algum sentido, mesmo que fosse apenas o sentido lexical.

Pegue-se qualquer parágrafo de qualquer obra de Milton Santos e faça-se um escrutínio no sentido de extrair dele alguma percepção nova, alguma contribuição que faça avançar o campo ao qual ele se arvora a tratar; é mais fácil conseguir ordenar uma rocha. Para demonstrar minha afirmação, escolhi aleatoriamente uma passagem dele, mas o mesmo pode ser feito de qualquer outra, é tudo blá-blá-blá. Leiam: 
"Os atores que vão mudar a História são os atores de baixo. Então, eles vão agir de baixo pra cima. Os pobres em cada país, os países pobres dentro dos diversos continentes, os continentes pobres face aos continentes ricos. De tal forma nós não vamos ter uma evolução sincronizada como essa do processo de globalização. Haverá explosões aqui e ali, em momentos diferentes, mas que serão impossíveis de conter".

01) "Os atores que vão mudar a História são os atores de baixo. Então, eles vão agir de baixo pra cima"

A princípio parece que ele está apenas dando uma de mãe Diná, fazendo previsões para o futuro baseadas em sabe-se lá o que. Como ele não apresenta nenhuma linha de raciocínio que sirva de embasamento para a afirmação, fica-se com a impressão que ele está apenas apenas transformando em "tese científica" uma vontade íntima, mas quem conhece o embuste por trás da chamada "Geografia Crítica", sabe que, na verdade, ele está apenas repetindo as predições feitas por Karl Marx, aquele cujas ideias tresloucadas foram responsáveis pela morte de nada menos que 100 milhões de seres humanos durante o Século XX.

02) "Os pobres em cada país, os países pobres dentro dos diversos continentes, os continentes pobres face aos continentes ricos"

Se havia ficado alguma dúvida de que a tal "Geografia Crítica" seja um nome fantasia para a velha e natimorta "teoria marxista para a luta de classe", ele enuncia isso da forma mais clara possível. Na fala de Milton Santos, surgem "países proletários" que rebelar-se-ão, por fatalismo histórico, contra os "países burgueses". Que não faça sentido algum empregar a divisão das classes socais aos Estados Nação, não vem ao caso. O próprio Karl Marx seria incapaz de ver qualquer traço de sentido em muito do que foi extraído do "pensamento dele". O pós-marxismo, sobretudo aquele que grassa e abunda no Brasil, não passa de um conjunto capenga e inarticulado de delírios que parecem ter saído da mente de alguém que tenha tomado um chá de cogumelo estragado.

03) "De tal forma nós não vamos ter uma evolução sincronizada como essa do processo de globalização."

Sincronizada? Sincronizada com o que? Acho que ele quis dizer "evolução linear", mas só acho pelo contexto. Não consigo ver nenhum sentido nessa frase. O engraçado mesmo é a velocidade com que essas teorias caducam. Há 20 anos, criticar contra a globalização era o ápice do "cult". Se alguém queria tirar uma onda de intelectual, bastava versar sobre o "impacto nefasto da globalização na destruição das culturas regionais não alinhadas com o imperialismo americano" (um óculos com armação redonda, a lá John Lenon, ajudava no efeito cênico da patifaria). Outro que se alimentou bastante nesse pasto foi o recém falecido Ariano Suassuna. Hoje, ninguém fala mais disso. A Internet simplesmente abriu uma janela que permite o mais caipira dos caipiras conhecer o acervo do Museu do Louvre e nem por isso deixou de existir o Boi-Bumbá. Já o Maracatu, esse vai muito bem obrigado. Se Suassuna tivesse lido Marshall McLuhan, ele saberia que toda vez que surge um meio de comunicação de massa, ele sempre é apontado como uma ameaça à cultura então existente, mas isso jamais se concretizou. Pelo contrário, a cada desdobramento da tecnologia, há uma potencialização e aumento do alcance do acervo cultural da raça humana. Infelizmente, para Suassuna Milton Santos estava mais disponível do que o autor de "Os Meios de Comunicação com Extensão do Homem".

04) "Haverá explosões aqui e ali, em momentos diferentes, mas que serão impossíveis de conter".

Quando se usa uma conjunção adversativa, pretende-se fazer entender que houve, há ou haverá alguma forma de oposição entre a oração principal e a oração subordinada. Por exemplo: "Ele chegou atrasado, MAS conseguiu fazer a prova". O atraso tinha a potencialidade de se reverter em um impedimento, MAS (oposição) essa potencialidade não chegou a se manifestar. Perceba que na colocação de Milton Santos, não há oposição alguma. O fato de que as explosões (explosões de que?) acontecem em momentos diferentes não as torna passíveis de serem contidas. Isso mostra que ele não sabe o que quer dizer, está apenas montando frases encadeando palavras gatilhos capazes de disparar a emoções para as quais o militante (seu público alvo) está previamente condicionado. Substitua a conjunção "mas" na sentença acima e ela continuará tendo o mesmo sentido que ela tem: nenhum.

Por volta de 1917, opsiquiatra suíço Hermann Rorschach desenvolveu o que ficaria conhecido como "Teste de Rorschach" ou ainda, mais popularmente como "teste do borrão de tinta". O teste consiste em apresentar borrões de tinta preta sobre uma superfície branca  perguntar ao paciente "o que ele está vendo". A imagem em si não é pictográfica, não representa nem apresenta nada, é apenas um borrão, uma mancha, conforme foi dito. Contudo descobriu-se que a pergunta "o que você está vendo" induz o observador a acreditar que de fato há alguma imagem ali para ele "descobrir". A buscar pela imagem que estaria escondida na cartela borrada, o paciente acaba por chegar em alguma imagem que está na verdade dentro dele mesmo, em camadas mais profundas de sua estrutura psicológica. E é exatamente assim assim que os intelectuais de esquerda trabalham. Peguem-se qualquer livro de Marilena Chauí, de Milton Santos, Francisco de Oliveira, Boaventura Souza Santos e tentem extrair sentido do que eles estão dizendo. É impossível. Suas palavras são encadeamentos nonsense de palavras que, quando muito, repetem a cantilena de Karl Marx, não sem conseguir defenestrar ainda mais o um pensamento que notadamente marcado pela falta de estrutura e por fazer falácias e mentiras ganharem verossimilhança através da exploração da esperança alheia. 

Contudo, exatamente por serem desprovidos de sentido, essas falas são como manchas de Rorschach nas quais cada militante, cada desavisado, projetará os conteúdos que jazem latentes em camadas profundas de suas psicologias, e estas terão sido previamente preparadas segundo as diretrizes de Antonio Gramsci, através dos elegantes expedientes da Escola de Frankfurt. Assim, em cima de declarações totalmente nonsenses, cada um projetará algum sentido "progressista" que fale do fatalismo histórico das classes populares, ainda que usando como metáfora países no lugar de pessoas. Essa produção intelectual estilo Mancha de Rorschach é um dos principais fatores de degradação da cultura brasileira, porque atinge como um míssil o seio da academia, fazendo com que ela passe a formar cidadãos histéricos, incapazes de lidar com a realidade em si, presos a aquários semânticos de reiteração de discursos. E não foi o próprio Michel Foucault que advertiu que a ditadura que se exerce de forma subliminar é pior do que qualquer outra que empregue força física?

1 de agosto de 2014

Jornalismo da Rede Globo acinta telespectadores

O fato: um meliante chegou armado a um posto de gasolina, rendeu um cidadão e o manteve como refém enquanto exigia que os frentistas entregassem o dinheiro do posto. Um policial que estava à paisana agiu com prontidão e destreza impares, alvejou o bandido e salvou a vida da vítima. Toda a ação foi capturada de forma CLARA e NÍTIDA pelas câmeras de segurança do próprio posto.

A notícia dada por Evaristo Costa, âncora do Jornal Hoje (Rede Globo): [Prestem atenção. Tomem fôlego antes da leitura e sigam devagar para não terem um AVC] Policial REAGE a uma tentativa de assalto e FERE o SUSPEITO que mantinha um refém.

É isso mesmo, amiguinhos! Na novílingue da Rede Globo, o ato de um policial CUMPRIR com seu DEVER de oferecer segurança à população civil se transformou em REAGIR A UM ASSALTO. A tônica do relato não foi o sucesso do policial em executar a tarefa para a qual ele foi designado (livrar cidadãos do julgo de facínoras), mas sim o fato dele ter — ao agir para cumprir seu DEVER — FERIDO um MARGINAL que AMEAÇAVA A VIDA DE UM CIDADÃO INOCENTE. Não fosse suficiente, após reproduzir o vídeo que registrou o ocorrido, a câmera volta para a cara de bobo alegre do jornalista o qual então informa que "O suspeito está internado em estado grave" (quem quer saber o estado dele?). NENHUMA MENÇÃO AO ESTADO DE SAÚDE DA VÍTIMA QUE FOI MANTIDA REFÉM pelo vagabundo. Evaristo informou ainda que a Secretaria de Segurança Pública vai ESTUDAR (!!!!) o vídeo para PUNIR o policial caso fique CONFIRMADO o excesso.

[Os que se considerem pudicos e de sensibilidade mais aguçada não avancem na leitura] PUTA QUE PARIU! PUTA QUE PARIU! PUTA QUE PARIU! PUTA QUE PARIU! PUTA QUE PARIU! PUTA QUE PARIU! PUTA QUE PARIU! Os caras estão sambando na cara da audiência. Perderam qualquer vínculo com a compostura, agora é escarnio, deboche e acinte escancarados. Até quando toleraremos?

27 de junho de 2013

Observatório de Imprensa, piada pronta

Alberto Dines, fazendo cara de coerência
O texto comentado a seguir não é novo, mas a forma como ele aborda a "notícia" que pretende contar é tão típica da imprensa brasileira, que merece ser mencionada.

Entre todos os veículos da imprensa camarada, um dos mais engraçados é o Observatório de Imprensa. Engraçado exatamente porque se pretende sério. Não acho que ninguém em sã consciência realmente pensa que Paulo Henrique Amorim ou Luis Nassif acreditam no que eles escrevem e publicam, ou levem a si mesmos a sério. Mas o Observatório de Imprensa, cheio de pompa e circunstância, ostenta o epíteto de "Site de crítica da mídia dirigido pelo jornalista Alberto Dines, editado por Luiz Egypto" e cita o The New YorkTimes e o The Washington Post, para dar mais "glamour" a uma notícia que não seria publicada por alguém que tivesse mais de 2 neurônios em funcionamento. Segundo o Observatório de Imprensa  Estados Unidos e de Israel estariam se aproveitando de falhas de segurança no sistema operacional utilizado pelos computadores iranianos (a saber, o Windows 7) para infectá-los com vírus. 

2 perguntinhas:

01a) Por que o Irã está usando um sistema operacional domestico em uma usina de refinamento de urânio? Pelo que eu sei, setores que precisam de segurança extrema, como usinas nucleares por exemplo, não fazem uso de sistemas domésticos, como o Windows, para os quais existem milhões de vírus diferentes, mas sim sistema operacionais como o Solaris, que são criados a partir do imperativo da segurança.

01b) Aliás por que o Irã está usando um sistema operacional americano? Se eles são contra os EUA, deveriam desenvolver seu próprio sistema operacional. No frigir dos ovos, o OI está acusando os EUA de não fornecerem ferramentas confiáveis para que o Irã crie armas contra os EUA.

02a) Para que, cargas d'água, os computadores das usinas de refinamento de urânio do Irã estão ligados à Internet??? Pelo que eu sei, uma das medidas básicas de segurança em usinas atômicas (além de não usar sistemas operacionais "domésticos") é não ligar os computadores à Internet, como qualquer retardado sabe, um mar de vírus, cavalos de troia e outras ameaças a sistemas informatizados. Esses computadores permanecem sempre isolados, ou são conectados a redes específicas, que são independentes da Internet e são utilizadas apenas para fins governamentais e de segurança.

02b) Aliás, a Internet é uma rede criada pelos EUA. Por que o Irã está ligando suas usinas de refinamento de urânio à uma rede criada pelos EUA, dominada pelo Inglês, quando seus cidadãos não podem fazer uso da Internet, mas usam uma rede de computadores própria do Irã????

Sou eu que pego no pé da imprensa camarada????? Segue o texto original:

8 de abril de 2013

Escreve como pensa: Análise 003 - Fidel Castro

Essa é a terceira edição da série "Escreve como pensa". (Se você não sabe do que se trata, confira o texto de apresentação na primeira edição). Após ter "contemplado" o "pensamento" (o arremedo de pensamento) de dois dos maiores "anjos do inferno" (Wladimir Safatle e Emir Sader), hoje nosso convidado é, ninguém menos, do que o próprio capeta: Fidel Castro. Como trata-se de um texto muito curto, indico que leiam o original antes de lerem meus apontamentos. Fidel dispensa apresentações, então passemos para a diversão, sem mais delongas.

Fidel "Gagá" Castro
O dever de evitar
uma guerra na Coreia
[Artigo de autoria de
Fideo Castro, originalmente
publicado em 05.04.13,
no site do único-jornal-cubano,
o Gramna]

FAZ alguns dias me referi aos grandes desafios que hoje a humanidade enfrenta. A vida inteligente surgiu no nosso planeta há cerca de 200 mil anos, salvo novas descobertas que demonstrem outra coisa. [Em um texto, o objetivo do encadeamento de afirmações é criar sentido. Pode parecer que estou afirmando o óbvio, mas – pelo visto – Fidel Castro não sabe disso, nem nenhum dos seus assessores. Qual a relação que se extrai das duas sentenças iniciais do texto? Qual relação existe entre os "desafios que hoje a humanidade enfrenta" com o fato da "vida inteligente" ter surgido "no nosso planeta há cerca de 200 mil anos"? Em que mudariam os fatos atuais se a "vida inteligente  tivesse surgido há 150 mil ou 250 mil anos??? Ou se sua idade fosse qualquer outra??? O parágrafo termina, mas o pensamento não se conclui. Na verdade, sequer chega a se estruturar como tal. O que se evidencia é exatamente a lacuna dele. Fica parecendo que foi suprimido um terceiro período que estabeleceria a relação dos dois anteriores, mas é exatamente assim que o parágrafo foi escrito (confiram no original). Ademais, a relação entre os "desafios da humanidade contemporânea" e as colocações sobre paleontologia que Fidel Castro tece, muito se assemelham ao discurso de Luis Ignácio, no qual ele atribui as circunstâncias climáticas à esfericidade do globo].

Não confundamos a existência de vida inteligente com a existência da vida, que, desde suas formas elementares no nosso sistema solar, surgiu há milhões de anos. [Que tipo de advertência é essa??? Quem haveria de confundir??? Essa frase é um parágrafo??? Qual a relação com o que foi dito antes??]

Existe um número praticamente infinito de vida. No trabalho sofisticado dos mais eminentes cientistas do mundo se concebeu a ideia de reproduzir os sons que se seguiram ao Big Bang, a grande explosão que ocorreu há mais de 13.700 milhões de anos. [Qual é a relação do fato do "número de formas de vida" ser praticamente infinito com esse tal trabalho cujo objetivo era recriar os sons primordiais do universo???? O que é que os sons primordiais do universo tem a ver com a guerra da Coreia????] [Que trabalho foi esse que reuniu os "mais eminentes cientistas do mundo" para "reproduzir os sons que seguiram ao Big Bang"???? Por que a imprensa do mundo livre não ficou sabendo??? Essa ciência do bloco comunista realmente está com a corda toda, minha gente!!!!]

Seria esta introdução demasiado extensa não fosse para explicar a gravidade de um fato tão incrível e absurdo como a situação criada na Península da Coreia [É sério que eu li isso??? O autor realmente acredita que nos três parágrafos anteriores ele "explicou" a "gravidade" da "situação criada na Península da Coreia"???], em uma área geográfica onde se agrupam quase 5 dos 7 bilhões de pessoas que neste momento habitam o planeta. [A introdução não só é extensa como, de fato, não significa absolutamente nada. Quem quer que tente extrair algum entendimento dos três parágrafos iniciais do texto vai se deparar com uma tarefa inglória. Eles não produzem sentido interno, não produzem sentido entre si e o bloco de três parágrafos não estabelece relação com o resto do texto. Quem alfabetizou Fidel Castro??? Paulo Freire???] [Como assim 5 dos 7 bilhões de terrestres vivem na península da Coreia??? Será essa uma informação extraída de algum paper da "Cátedra de Geografia Crítica" da Universidade de Havana???]

Trata-se de um dos mais graves riscos de guerra nuclear depois da Crise de Outubro, em 1962, em torno de Cuba, há 50 anos. [Eu, em minha imensa limitação de alguém educado por escolas particulares capitalistas exploradoras da mão de obra das pobres professoras, não consigo entender o objetivo de se dar duas referências temporais, para o mesmo evento, na mesma frase. Mas estou certo que se trata de uma limitação minha, o Grande Líder não seria capaz de publicar o texto com uma bobagem tão sem sentido e tão evidente. Tenho certeza que de que há uma explicação inclusive científica que justifica o que parece um equivoco a nós, meros ignorantes  Talvez uma prosaica, como certificar a funcionalidade do método freiriano da "matemática étnica", mostrando que sim! quem é educado nesse método consegue contar quantos anos se passaram entre 1962 e 2013. Talvez uma explicação mais complexa, uma que inclua o questionamento da mecânica newtoniana e do unidirecionamento do vetor temporal. Vocês sabem que não só a medicina cubana é mais avançada que a nossa, no campo da física, o bloco comunista está 1000 anos à nossa frente.][O parágrafo anterior destina-se a qualificar a "situação criada" (o texto não explica muito sobre a situação, nem lança nenhuma luz sobre "como", "por que", "por quem" ou "de que forma" a mesma teria sido "criada", mas não se deve esperar explicações da parte de Fidel Castro, não é mesmo???)  assim, parece evidente que a frase que se apresenta solta, tecnicamente deveria estar integrando o parágrafo anterior].

No ano de 1950, se desatou ali uma guerra que custou milhões de vidas. Fazia apenas 5 anos que duas bombas atômicas haviam explodido sobre as cidades indefesas de Hiroshima e Nagasaki, as que em questão de minutos mataram e irradiaram sobre centenas de milhares de pessoas. [No curso do texto, a última referencia espacial é "em torno de Cuba", no parágrafo imediatamente anterior. Assim, ao lermos "No ano de 1950, se desatou ali uma guerra" somos levados a entender que em 1950 houve uma guerra em Cuba. Mas como nós sabemos que o golpe no qual a patota de Castro destituiu Fugêncio Batista aconteceu somente em 1959, assim somos obrigados a inferir que Fidel Castro foi alfabetizado sim pelo método de Gilberto Freire][Qual a relação é estabelecida entre as duas frases que compõem o parágrafo???]

Na Península Coreana o General Douglas MacArthur quis empregar as armas atômicas contra a República Popular Democrática da Coreia. Nem sequer Harry Truman o permitiu. [Mais uma frase solta. Alguém me explica por que os comunistas tem tanto horror à "estrutura de parágrafos"???] Segundo se afirma, a República Popular da China perdeu um milhão de valentes soldados para impedir que um exército inimigo se instalasse na fronteira deste país com a sua Pátria. A URSS, à sua vez, forneceu armas, apoio aéreo e ajuda tecnológica e econômica. ["Segundo se afirma" é ótimo!! Quem afirma??? Se ele tivesse simplesmente enunciado que mil soldados chineses morreram, teria ficado menos rocambolesco do que atribuir a fonte do número de baixas a um sujeito indeterminado]

Tive a honra de conhecer Kim Il Sung, uma figura histórica, notavelmente valente e revolucionária. [Ok, não vou mais tocar na questão da falta de organização de parágrafos. Quero apenas notificar que os parágrafos são representações gráficas dos "blocos de pensamento", se o autor não organiza o texto em parágrafos, é porque não há pensamento para montar os blocos] [Então Kim Il Sung era um rapaz "notavelmente valente e revolucionário", alguém me explica o que exatamente significa "ser revolucionário"???? E "ser histórico"???]

Se lá estourar uma guerra [Ignorando-se o parágrafo anterior (o 9º) – que é completamente deslocado do fluxo de raciocínio estabelecido no parágrafo anterior a ele (o 8º) – a última referência espacial é URSS (aparece no final do 8º parágrafo), visto que a URSS não existe mais, devemos entender que Castro está preocupado com a possibilidade de estourar uma guerra na Rússia???]  os povos de ambas as partes da Península serão terrivelmente sacrificados [Sério???? Vai ser a primeira vez na História da humanidade que uma guerra vai causar algum tipo de consequência ruim. O que seria de nós, se não tivéssemos Fidel Castro e sua visão além do horizonte, para nos alertar, não é mesmo???], sem benefício para nenhum deles. A República Democrática da Coreia sempre foi amistosa com Cuba, como Cuba tem sido sempre e seguirá sendo com ela [Eu não consegui perceber o nexo de significado entre as duas orações do parágrafo, mas já entendi que esperar nexo nos textos de Fidel Castro é perda de tempo. A segunda afirmação não serve nem para expor apoio à Coreia do Norte, visto que afirmar que a ditadura caribenha seguirá retribuindo a amistosidade da ditadura asiática não implica em afirmar que Castro estaria disposto a entrar em uma guerra para apoiar seu "irmão em totalitarismo"].

Agora que demonstrou seus avanços técnicos e científicos, lhe recordamos seus deveres com países que foram seus grandes amigos, e não seria justo esquecer que tal guerra afetaria de modo especial mais de 70% da população do planeta ["demonstrou seus avanços técnicos e científicos"????????? Como assim????].

Se um conflito desta índole estourar, o governo de Barack Obama em seu segundo mandato ficaria sepultado por um dilúvio de imagens que o apresentariam como o mais sinistro personagem da história dos Estados Unidos. O dever de evitá-lo é também seu, e do povo dos Estados Unidos. [Deixa eu ver se eu entendi: Fidel Castro está preocupado com a forma como os americanos vêem o próprio presidente???? Por que a boa imagem de Obama é importante para Castro???? Será que em um prosaico texto no Gramna, o tiranete cubano finalmente teria confirmado as suspeitas que a parte mais esclarecida da população americana tem levantado sobre a estirpe de Obama já há algum tempo????]

Conclusão: Não fosse um padrão próprio do esquerdismo, poderíamos inferir que a senilidade deixou Fidel Castro gagá. Não é o caso, a mente turva não é produto do número de anos, mas traço constituinte da personalidade dele e dos que o admiram, desde sempre. Com tal "texto", Fidel Castro com certeza consegue uma boa nota no Enem e, consequentemente, garante uma vaga no ensino superior brasileiro, visto que em nenhum momento ele "feriu o direitos humanos", como cobra o MEC. Uma vez que a medicina cubana é muito avançada, Fidel ainda tem tempo de fazer um curso na USP e parear, em títulos, seus bajuladores Safatle e Sader. Tudo isso graças à "mudança de paradigmas" estabelecida pelo PT na correção de redações dissertativas: o nome do artigo é "O dever de evitar uma guerra na Coreia", mas dos 12 "blocos de sentenças" (uma vez que não chegam a se constituírem em parágrafos) que compõem o texto, o assunto só é abordado (mal e porcamente) nos 2 últimos blocos. Se Fidel Castro estivesse sendo avaliado pelo MEC do Brasil pré-PT, seria desclassificado por "fuga do tema". Mas, graças a São Luis Ignácio, a São Fernando Hadad e Santo Aluízio Mercadante, os padrões qualitativos para avaliar dissertações hoje são bem menos elitistas. 

Como bem se vê, a cada "Escreve como pensa" vai ficando mais comprovada a minha tese de que o pré-requisito para o esquerdismo é a oligofrenia. O veredito sobre o artigo de Fidel Castro é o mesmo dos anteriores: se alguém abrir um pacote de massa de sopa em formato de letras e simplesmente jogar o conteúdo sobre uma mesa é possível que crie um texto mais criativo, invetivo e com mais informação do que os produzidos pela mente desses "intelequituais" esquerdistas. É gritante a total incapacidade de criar raciocínios, restando ao autor justapor afirmações aleatórias que não se coordenam entre si. O caso de Castro é especial, porque na qualidade de Chefe de Estado, ele dispõe de vasta equipe de assessores para revisar e melhorar seus comunicados. Das duas uma: ou tais pessoas perceberam a pobreza do "texto" e não ousaram apontá-la por medo de serem mal compreendidos e irem parar no "paredón", ou a brutalidade do totalitarismo mina completamente a inteligencia e o discernimento dos cidadãos enquanto estes crescem e são idiotizados pelo "sistema de ensino".

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7 de março de 2013

Para gravar imagens da web

Quem não tem o costume de salvar imagens da internet no computador? Seja aquela paisagem bonita, ou aquele produto que se pretende adquirir, corpos nus (por que não?) e o que for. Depois, esses arquivos ficam amontoados e esquecidos no computador, até que for fim, se perdem em nossa desorganização cibernética.

Não precisa mais ser assim. Há algum tempo vem surgindo serviços que permitem salvar essas imagens não no computador, mas em uma página pessoal dentro do serviço. O primeiro deles foi o Tumblr, que foi criado para ser alguma coisa entre o Twitter e o Blogger, mas que por algum motivo passou a ser usado mais para imagens do que para texto. Contudo, a postagem de imagens no Tumblr, no início pelo menos, não contava com extensões para os navegadores, assim o usuário tinha que fazer manualmente. 

Foi então que surgiu o Vi.Sualize.Us, primeiro serviço a permitir postar imagens apenas clicando com o botão direito do mouse, em um navegador dotado da extensão específica. Embora dispusesse se recursos muito interessantes, como o slideshow, o VisualizeUs não fez muito sucesso.

Nesse vácuo, surgiu o site que popularizou esse tipo de serviço, o Pinterest. Com uma "dashboard" bem simples e ágil, o serviço foi um sucesso instantâneo, gerando uma série de "crias". 

Inicialmente, alguns reclamaram que o conteúdo do Pinterest era demasiado "feminino", então alguém teve a ideia de fazer uma rede parecida, mas voltada para os interesses dos cavalheiros. Assim surgiu o Gentlemint.  A ideia pegou e o serviço cumpre exatamente o que promete.

Se seguida, surgiu o antípoda do Gentlemint, o Weheartit, esse sim extremamente feminino, a começar pela logomarca, um "coraçãozinho rosa".

Por fim, o que na minha opinião é o mais completo, o Minus, que é essencialmente usado para postar fotos, mas disponibiliza uma extensão para salvar imagens da web, com uma grande vantagem em relação aos demais: quando se clica com o botão direito, abre uma tela na qual é possível editar as imagens antes de salvar no serviço.

2 de março de 2013

Por um novo modelo de representação democrática

Acrópole

Este é um exercício para imaginar uma forma de manter o que as eleições democráticas têm de bom, suprimindo seus aspectos negativos. Se por um lado as eleições democráticas permitem que o povo escolha seus governantes, contudo – ao transformar cada cidadão em um voto –, por outro o modelo democrático adotado atualmente tende a nivelar por baixo, ou seja confere poder a um contingente de pessoas que nem de longe estão preparadas para opinar nos destinos da nação. 


A democracia surgiu na Grécia, mas era muito diferente da que conhecemos hoje. Todo cidadão grego tinha direito ao voto, o problema é que para os gregos só era cidadão uma parte da população, a saber: os homens, livres (não escravos), acima de uma faixa de rendimento específica. Esses mesmos critérios gregos eram o modelo de democracia adotado na época do Brasil Império. Na história recente das nações ocidentais, conseguiu-se com muita luta acabar com a escravidão, estender o direito dos votos às mulheres e até mesmo aos analfabetos. Ou seja, fez-se um esforço hercúleo para incluir o maior número de pessoas possível no processo de escolha dos governantes. Por um lado, obtivemos ganhos, visto que parece razoável que a renda do cidadão NÃO seja um critério determinante para que ele possa ou deixe de poder participar da escolha dos representantes. Por outro, houve perdas enormes. Ao abolir todo e qualquer critério, ao permitir o voto até aos analfabetos, transformou-se o processo político democrático em uma imensa patuscada, que nem de longe reflete os que os gregos objetivavam, quando o conceberam.

Com a inclusão indiscriminada, concedeu-se o poder de escolha a uma massa caracterizada pela falta de cultura e informação, de modo que o espaço do debate político não é mais marcado pelo embate de ideias,  pela  contraposição de pensamentos, de ideologias, mas sim pela contratação dos mais caros profissionais da área de publicidade, capazes de criar – fazendo uso dos recursos que lhe são próprios – mensagens emocionalmente apelativas. O processo político passou a girar em torno dos conchavos entre os partidos, os quais permitem colecionar segundos no no "horário eleitoral gratuito". Não há nenhum político que não conheça as palavras certas para acionar reações nas massa, cujo comportamento mais se aproxima das reações instintivas dos animais, do que do ser humano que está de posse da faculdade racional. Dessa forma, como conciliar o ideal de que "todos tem os mesmos direitos" com a necessidade de manter o campo político salvaguardado das manipulações daqueles que dominam as reações emocionais das massas?

Primeiramente precisamos compreender o que significa "ter direito". Por exemplo, a maneira como nossa sociedade está configurada assegura que todos possuem direito de conduzir um automóvel, o que não significa que qualquer um possa efetivamente fazê-lo. Como se trata de uma atividade cuja imperícia pode acarretar risco de vida, a sociedade concorda e se organiza para gerenciar a inclusão, ou seja, todo e qualquer cidadão tem o direito apriorístico de conduzir, mas para que esse direito seja efetivado, o cidadão concorda em se submeter a um crivo que comprova que o mesmo está de posse dos requisitos mínimos para o desenvolvimento da atividade. Assim, apesar de todos terem direito de conduzir, só pode efetivamente fazê-lo quem está outorgado pelo estado através da CNH. Parece razoável considerar que a imperícia na escolha de um regente estatal seja tão ou mais danosa do que na prática da condução de um automóvel. De modo que faz-se necessário que haja critérios (conforme os gregos já tinham percebido) que habilitem o cidadão para participar do jogo político. Mas sendo assim, como estabelecer tais critérios?

As possibilidades são muitas e, em qualquer frente que se trabalhe, é necessário salvaguardar os direitos que já foram conquistados. Não é justo, nem razoável ao grau de desenvolvimento que já atingimos, que pessoas sejam excluídas pelos critérios do gênero ou da renda, conforme era feito há 200 anos. Se o campo político é o campo da abstração, estará habilitado a participar dele quem for capaz de demonstrar perícia na abstração, e para tal, nada melhor do que um questionário. Atualmente a escolha de um governante acontece em único dia. Todos os eleitores se dirigem as urnas, votam, e em seguida todos terão que se submeter ao resultado do processo. No modelo que estamos propondo, a cada eleição, todos os portadores de títulos de eleitor, seriam convocados dias antes de comparecerem a votação, para responderem um questionário, uma prova. A nota nessa prova habilitaria ou não o indivíduo a votar.

Mas quem criaria essa prova? Os próprios partidos políticos. Há métodos simples de viabilizar a ideia. Vejamos alguns deles. Cada partido indicaria seus representantes para compor a "Comissão para Melhoria da Representatividade Democrática" (CMRD), que seria uma instância independente como o Ministério Público, por exemplo. Digamos que a cada 10 deputados ou senadores, um partido ganharia o direito de incluir uma questão na prova. Assim, quanto mais representantes do partido, mas influência ele teria sobre a prova. Como contra peso, os partidos precisariam definir a si mesmos como "governistas" (ou seja, alinhados com o partido que ocupa o executivo) ou oposição. As perguntas da oposição teria peso maior que as perguntas governistas. Tal mecanismos impediria que engessamento criasse uma bola de neve no qual quanto mais representantes o partido tenha, mais eleitores habilitados ele terá.

As perguntas seriam relativas a acontecimentos do noticiário político e ao conhecimento das diferentes correntes ideológicas. Todas as ideologias devem ser contempladas e para tal, nada melhor do que deixar que cada partido forneça as perguntas. Entre as questões do noticiário televisivo, podemos usar como exemplo perguntas como "Qual o nome do relator do processo do Mensalão?", "Quem é o atual presidente do Senado?". Em relação às diferentes ideologias, não haveria problema em que o partido explicitasse questões "tendenciosas", desde que a pergunta especificasse a que ideologia a questão se refere. Por exemplo: "assinale das alternativas abaixo apenas as sentenças que contém críticas ao modelo neo-liberal" (as respostas poderiam conter: "dilapidação do patrimônio público através da entrega das nossas preciosas empresas estatais a grupos de interesses privados"). Os partidos alinhados com o liberalismo econômico, por sua vez também teriam liberdade para redigir as questões conforme seu próprio ponto de vista, então poderiam inserir "assinale entre as alternativas abaixo apenas aquelas que contém críticas ao modelo desenvolvimentista que usurpa da iniciativa privada e atribui ao estado a responsabilidade de gerar riqueza" (entre as respostas, poderíamos ter "uso político das empresas estatais que gera baixa eficiência e redução do valor de mercado das mesmas"). Como se pode ver, o objetivo das questões não pode ser selecionar eleitores de uma determinada ideologia.

Para que tal reforma seja feita, a primeira mudança necessária é que o voto seja de fato um direito, não uma obrigação (como é hoje). Se a pessoa não quiser se submeter à prova, ela não sofreria nenhum tipo de punição ou penalidade. Na verdade, o eleitor que quisesse votar na próxima eleição, deveria comunicar antecipadamente o TRE, para que este preparasse a avaliação. Isso já reduziria drasticamente o contingente de eleitores, mas mesmo assim, do ponto de vista da logística, seria complicado aplicar a mesma prova a todos os possíveis eleitores. A solução é criar pelo menos 10 provas diferentes. E em cada prova, 10 combinações de gabarito diferentes, ou seja: no modelo 01, as respostas estão organizadas de forma que a opção correta é a letra "A". No modelo 02, a mesma resposta apareceria como letra "B". As provas não precisariam ser aplicadas todas no mesmo dia, porque mesmo que os que já tivessem feito a prova contasse as respostas para quem ainda não fez, não haveria problema, pois o objetivo é justamente fomentar a participação política e não excluir pura e simplesmente. 

Acredito que a criação desse crivo, elevaria em todos os aspectos o campo do debate político, faria o foco sair das campanhas que fazem chantagem emocional e voltaria à razão. Mas tudo que foi escrito acima é apenas o começo da ideia. Admito que ela precisa ser lapidada. O que você teria a acrescentar??? Deixe sua sugestão abaixo, ou comente através do Facebook clicando aqui. Ou através do Twitter, usando a hashtag #CMRD.

Post-scriptum. Aqui entraram algumas considerações feitas a partir dos comentários de quem leu:

01) A primeira objeção feita ao exposto foi a de que o custo seria elevado. Para dar conta desse ponto, consideremos então que cada cidadão só tem direito de fazer uma prova a cada quatro anos. Se passar, ganha a habilitação para votar válida por quatro anos. Se perder, um abraço. Só pode fazer a prova de novo depois de cumprir o ostracismo.